quarta-feira, 24 de março de 2010

Pragmatismo... o que é isso? - parte II


John Dewey (foto) concebia o papel do filósofo como engajado intimamente na crítica social e não só participando em exercícios abstratos de contemplação que permanecem dissociados da moralidade prática. Encontrava-se particularmente preocupado com o desenvolvimento de uma comunidade democrática num país que parecia encontrar-se em risco de perder o seu compasso moral e espiritual. Para Dewey, a democracia genuína não se referia simplesmente a agências e rituais governamentais, mas, pelo contrário, prendia-se com o processo dinâmico de uma participação diária ativa e igual que incluía, não apenas o aparelho político formal, como também a cultura e a economia, em essência, todas as esferas da vida. O pragmatismo que norteou todo o seu trabalho. Dewey acreditava que toda a idéia, valor e instituição social originavam-se a partir das circunstâncias práticas da vida humana. Não eram nem criações divinas, nem tão pouco refletiam determinado tipo de ideal. A verdade não representava uma idéia à espera de ser descoberta; só poderia ser concretizada na prática. Todas a instituição e toda a crença, analisadas dentro do seu contexto específico, deveriam ser submetidas a um teste para estabelecer a sua contribuição, no sentido mais amplo para o bem público e individual.
Os pragmatistas contestam a argumentação do XVII dizendo que não é preciso tomar a visão como modelo de conhecimento. Podemos pensar nos órgãos dos sentidos com ferramentas para manipular o objeto mas não para nos dar uma idéia final sobre o conhecer.
Os pragmatistas tem como objetivo acabar com a diferença entre conhecer e usar as coisas, e, para combater essa noção é preciso destruir a distinção entre intrínseco e extrínseco. Feita essa distinção desaparece também a distinção entre realidade e aparência, desaparecendo a preocupação de saber se há barreiras entre nós e o mundo.
O chamado senso-comum classifica o pragmatismo de excessivamente antropocêntrico, tratando a humanidade como medida de todas as coisas, desprovido de humildade de noção de finitude humana. Os pragmatistas respondem a esta reação dizendo que o próprio senso-comum não passa de hábito de usar determinados conjuntos de descrições. Na visão pragmatista o sentido de admiração não deve ser confundido com o sentido de que existem coisas fora do alcance dos seres humano. O sentido indesejável de humildade pressupõe que há algo melhor e maior que o humano; o sentido desejável de finitude pressupões apenas somente que existem muitas coisas que são diferentes do humano. Um sentido pragmático nos mostra que há alguns planos do conhecimento onde as ferramentas que dispomos são ainda insuficientes para descobrirmos algo.
Para os pragmatistas o sentido de admiração e mistério que era associado pelos gregos ao não humano é transportado para o futuro humano. A humanidade do futuro será como a atual, porem superior de maneiras ainda impossíveis de imaginar.
A sugestão pragmatista é que se tratem as coisas do universo como se fossem números, por ser muito difícil pesar nestes como possuidores de naturezas intrínsecas, sendo, por conseguinte, difícil descrevê-los com linguagem essencialista. A sugestão é que se pense nas coisas como semelhantes à números baseado na teoria de que “não há nada para ser conhecido sobre eles exceto uma infinidade grande, e para sempre expansível, rede de relação com outros objetos.” Assim, não haverá mais descrição do objeto real fazendo oposição com o objeto aparente.

(Fim)
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