terça-feira, 14 de agosto de 2012

A ideologia e a dominação capitalista

O pensador alemão Karl Marx (1818-1883) afirmou que a ideologia dominante será aquela advinda da classe que domina a sociedade, ela representará, então, as ideias, a forma de pensar e explicar o mundo provenientes desta mesma classe. Essas afirmações encontramos na obra A Ideologia Alemã escrita em 1845-1846, “As ideias (...) da classe dominante são, em cada época, as ideias dominantes; isto é, a classe que é a força material dominante da sociedade é, ao mesmo tempo, sua força espiritual dominante” (MARX, 1996: 72). E essas ideias possuem a característica de aparecerem para todos como universais e racionais “(...) cada nova classe que toma o lugar da que dominava antes dela é obrigada, para alcançar os fins a que se propõe, a apresentar seus interesses como sendo o interesse comum de todos os membros da sociedade, isto é, para expressar isso mesmo em termos ideais: é obrigada a emprestar às suas ideias a forma de universalidade, a apresentá-las como sendo as únicas racionais, as únicas universalmente válidas” (MARX, 1996: 74).

Para Marx, na sociedade capitalista a produção de objetos é a atividade essencial, pois é com ela que a divisão em classes e a exploração do trabalho ocorrem. Essa divisão impulsiona a classe dominante em manter o controle sobre o conjunto da sociedade. Na análise que Marx realiza sobre o capitalismo, que encontramos na obra O Capital, de 1867, há uma crítica à forma como essas relações entre patrões e empregados vão ocorrendo na sociedade.
Quando compramos alguma coisa não nos importamos em saber em quais condições de trabalho e com qual salário aquele objeto foi produzido. Por exemplo, se você está com frio e tem que comprar uma blusa, vai se preocupar com a utilidade que ela terá para você. Não se preocupará com as condições de trabalho dos operários da indústria têxtil.
A propaganda irá atuar sobre você e o consumo ocorrerá via esta ação misteriosa e mágica que revela somente a utilidade do produto.
Isso ocorre com qualquer objeto produzido no capitalismo, pois todos eles podem ser igualados. Veja: se as horas gastas para produzir a sua blusa forem igualadas às horas para produzir um CD, eles vão ter o mesmo preço. É por isto que muitas vezes um CD custa o mesmo que uma lata de ervilha. Quanto menos tempo leva, dentro da jornada, para produzir um objeto, mais lucro tem o capitalista, que com uma determinada produção paga os gastos que tem com o trabalhador. Essa igualdade de horas trabalhadas vai equiparar as mercadorias e na hora do consumo só vai importar o preço das coisas. Este é o caráter mágico cheio de “argúcias teológicas” que Marx está indicando no seu texto que vamos citar a seguir:
“A primeira vista, a mercadoria parece ser coisa trivial, imediatamente compreensível. Analisando-a, vê-se que ela é algo muito estranho, cheio de sutilezas metafísicas e argúcias teológicas. Como valor de uso, nada há de misterioso nela, quer a observemos sob o aspecto que se destina a satisfazer necessidades humanas, com suas propriedades, quer sob o ângulo de que só adquire essas propriedades em consequência do trabalho humano. É evidente que o ser humano, por sua atividade, modifica do modo que lhe é útil a forma dos elementos naturais. (...) A mercadoria é misteriosa simplesmente por encobrir as características sociais do próprio trabalho dos homens, apresentando-as como característica materiais e propriedades sociais inerentes aos produtos do trabalho”. (MARX, K., 1994: 82).]

Nesta obra, O Capital, Marx, demonstra o Valor de todo e qualquer objeto que no capitalismo possui a forma de Mercadoria. Estes objetos vão possuir uma utilidade, que está localizada no consumo, e algo mais que está localizado na hora que a blusa, no caso do exemplo, for produzida. Analisar e desvendar o processo produtivo e a organização da sociedade foi a sua intenção.
Ao consumirmos somos influenciados pela necessidade e utilidade – básica ou supérflua – que temos de possuir determinado objeto. Em geral, não nos preocupamos em compreender o que ocorre com a realidade do trabalhador e seu modo de vida. Assim, o valor de uso, a utilidade possui uma força ao despertar a nossa atenção para o consumo. Então a Mercadoria possui um VALOR DE USO que é a utilidade do produto, o que nos leva a consumi-lo para suprir essa necessidade.
Já o que Marx chamou de VALOR é o processo de fabricação deste objeto (no caso do exemplo, a blusa), que tem um lugar determinado, na fábrica, quando durante a jornada de trabalho, ocorre o processo de exploração do trabalho no capitalismo. Vejamos, no exemplo a seguir:
Quando um(a) trabalhador(a) é contratado por uma determinada jornada de trabalho de 8 horas diárias, estamos considerando, que dentro desta jornada, existem três momentos:
1. Uma primeira parcela em que com duas horas de atividade em que este trabalhador(a) executou a sua função, ele paga o seu salário.
2. Uma outra parcela, de duas horas em que a sua atividade paga os custos da produção – matérias-primas, impostos, transporte do produto, a compra de novas máquinas.
3. Uma terceira parcela de quatro horas em que este trabalhador continua produzindo e estes produtos são o lucro ou um valor a mais – MAIS-VALIA – que o proprietário da fábrica vai se apropriar.

Esse processo configura o que Marx chamou de essência da sociedade, quando ocorre a produção de objetos, pois é neste momento que o trabalhador vai reproduzindo a sociedade ao aceitar as disposições legais do seu contrato de trabalho e se submete à jornada nele estipulada.
Em outros momentos também ocorrem determinações sobre os indivíduos quando vão estabelecendo uma ação de conformidade frente à “dureza” que é o cotidiano da busca do emprego, de pagar as contas, de ser atendido pelo médico, de poder ir ao cinema, enfim, resolver as necessidades materiais – ter acesso à comida, à água potável, a um abrigo seguro, ao conhecimento, e as necessidades subjetivas - sentimentos, desejos, questionamentos, aspirações.
E na hora em que vive este cotidiano, ele vai sendo sugado pela necessidade de garantir que as metas estabelecidas, no emprego sejam cumpridas: prazos, cotas, produtividade que estão na fábrica, na loja, no banco, na gráfica, no trabalho do cobrador e do motorista de ônibus.
No campo a realidade não é diferente, há a exigência de melhor rentabilidade na colheita de tantos alqueires no dia, nas exigências de colher tantas toneladas de cana no dia, enfim. Prazos são estabelecidos e para garanti-los nós não pensamos muito, vamos fazendo, executando e obedecendo, sem questionar.
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domingo, 15 de julho de 2012

Filosofia? E eu com isso?

Filosofia? Pior do que não saber, é fingir que sabe; pior do que não conhecer, é fingir que conhece. O conhecimento e, portanto, a inovação, começa exatamente quando sei que não sei algo, quando tenho consciência da minha ignorância e enxergo a urgência em saná-la.
O ato de dizer “não sei” quando, de fato, não sabe, demonstra inteligência, humildade e desejo de aprender.
Filosofia é um modo de pensar sistemático, organizado e metódico com questões precisas daquilo que se faz, para indagar sobre os porquês. E por que não é como. Quem pergunta pelo como é a ciência.
A Filosofia se preocupa em pensar as razões da existência. Pensar aquilo que, de fato, faz com que o ser humano tenha sentido. Por exemplo, do que é feita a realidade? Por que é deste modo e não de outro? Qual o sentido que as pessoas dão à vida? Qual o lugar do mal dentro disso? A felicidade existe ou é ilusão? Por que existe alguma coisa, em vez de nada existir? Existe loucura? Vida boa o que é? É certo apenas o que é útil?
Um grande pensador do Brasil, Luis Roberto Salina Fontes, que foi professor da Universidade de São Paulo, dizia que não basta delirar e achar que está filosofando. Repita-se: a Filosofia é a atitude metódica, disciplinada, estruturada e intencional de indagação sobre as razões de ser das coisas e fatos, de maneira a produzir consciência e inovação.
A rotina do cotidiano nos leva muitas vezes a agir e viver no modo automático ou robótico, e isso impede a clareza das direções e bloqueia as condições para a edificação do inédito; a Filosofia é um brado de alto lá!
A Filosofia também inquieta, e a inquietação costuma ser criativa. Quando alguém, em vez de ficar animado com o que faz, fica apenas satisfeito, para de ir adiante; afinal só quem se sabe ainda pequeno é capaz de crescer, pois aquela pessoa que já está satisfeita com a dimensão que atingiu vai direto para a acomodação.
A Filosofia sozinha não nos basta para isso, mas sem ela fica mais difícil. Ao propor-se como reflexão sistemática, trazendo à tona as grandes questões que sempre estiveram fustigando a humanidade, a Filosofia que exercermos nos deixará mais capazes de lidar melhor com a nossa vida em meio a tantas vidas.
Somos, homens e mulheres, para usar uma expressão do italiano Umberto Eco, uma “obra aberta”, sempre em processo de invenção e reinvenção. Não nascemos prontos e viemos nos gastando; ao contrário, nascemos não prontos, e vamos nos fazendo...
Uma das coisas mais perniciosas para quem deseja dedicar-se à Filosofia é supor que ela serve para ensinar a pensar. É necessário lembrar que pensar é um atributo atávico da espécie, certo? Não é ensinado. Aí, você diz: “Não, mas é porque a Filosofia ensina a pensar de forma crítica”. Não necessariamente. Os nazistas tinham seus filósofos. As ditaduras têm os seus filósofos.
Isso significa que a Filosofia em si não tem a pureza que se deseja, ela precisa ser purificada. Essa purificação vem à medida que a gente retira dela qualquer marca de doutrinação e procura ser objetivo, para que nela não haja forma alguma de autoritarismo.
É da natureza do pensamento filosófico que você seja capaz de dizer às pessoas “pense nisso”, em vez de “pense isso”. Porque o “pense isso” é o pensamento impositivo, enquanto que o “pense nisso” é a oferta de uma série de indagações para uma reflexão que torna a nossa existência mais nítida, mais clara, mais consciente e, portanto, menos alienante.
A Filosofia por si, como disciplina, não tem o poder de desalienar. Nada é por si mesmo libertador, ou alienador. Dependerá do conteúdo e contexto.
Nunca me perguntaram o que eu não gosto na Filosofia. Porque a suposição sempre é que quem nela está é por ela é apaixonado. Eu costumo dizer que a paixão é a suspensão temporária do juízo. Eu tenho uma grande admiração, uma grande apreciação pela Filosofia, mas não sou apaixonado por ela. Porque, se eu fosse, eu perderia minha capacidade de objetividade; perderia, inclusive, a possibilidade de distanciamento crítico.
Eu não gosto na Filosofia da capacidade de ela nos capturar, de nos escravizar em alguns momentos, a partir de alguns esquemas mentais, quem podem nos levar a nos afastar da realidade.
Eu tenho com ela uma relação amorosa. Mas não me perco dentro dela e nem quero que ela se perca em mim. Eu a respeito. Quero ser por ela respeitado.
Quero ser livre; quero filosofar com a minha própria cabeça, usando a cabeça dos outros, especialmente o que muitos pensaram e está registrado nos clássicos. Quero me encantar com os clássicos da Filosofia para fazer a minha cabeça ficar melhor, mas quero ser livre.
Livre para pensar por mim mesmo e poder existir de maneira decente e consciente com os outros que comigo fazem a Vida.


Introdução do livro Filosofia e Ensino Médio, editora vozes, 2009. (adaptado)
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quinta-feira, 10 de maio de 2012

O casamento: uma exigência social

Em toda parte, existe uma distinção entre o casamento, isto é, um vínculo legal e aprovado pelo grupo entre um homem e uma mulher, e o tipo de união, permanente ou temporária, que resulta do consentimento ou da violência. Todas as sociedades possuem algum modo de estabelecer uma distinção entre as uniões livres e as uniões legítimas.
Em primeiro lugar, quase todas as sociedades conferem alto grau de distinção ao estado de casado. Onde existem gradações de idade, estabelece-se uma relação entre o grupo de adolescentes mais jovens, os solteiros menos jovens, os casais sem filhos e os adultos com plenos direitos.
O que é ainda mais notável é o verdadeiro sentimento de repulsa que a maioria das sociedades demonstra para com os solteiros. De modo geral, pode-se dizer que entre as chamadas tribos primitivas não existem solteiros, pela simples razão de que estes não poderiam sobreviver.
Um fato marcante neste aspecto foi um encontro do antropólogo francês Claude Lévi-Strauss, entre os Bororo do Brasil Central, com um homem de cerca de 30 anos de idade, sujo, mal alimentado, triste e solitário. Quando Lévi-Strauss pergunta se o referido homem estava seriamente doente, a resposta dos nativos constituiu uma surpresa: que tinha o coitado? - absolutamente nada, apenas era solteiro. De fato, os Bororo são uma sociedade onde o trabalho é sistematicamente dividido entre o homem e a mulher, e somente o estado de casado permite ao homem beneficiar-se dos frutos do trabalho da mulher; incluem-se aí a eliminação dos piolhos, a pintura do corpo, a depilação e ainda os alimentos vegetais e os alimentos cozidos, pois a mulher bororo lavra o solo e fabrica as panelas de barro. Numa sociedade assim, um solteiro é, na realidade, apenas meio ser humano.

Levando-se isso ao pé da letra, conclui-se que um homem ou mulher, que voluntariamente resolve não casar e ser solteiro a vida inteira, como tem acontecido com frequência na sociedade moderna, estaria matando a metade de si mesmo, condenando-se a ser meio homem ou meia mulher... Seria isso mesmo?

Adaptado de Claude Lévi-Strauss, do livro “A família”, cap. 1. - 1972.
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quinta-feira, 8 de março de 2012

O QUE É A FILOSOFIA?

Cara Sofia! Há muitas pessoas que têm diversos “hobbys”. Algumas colecionam moedas antigas ou selos, outras fazem trabalhos manuais, outras ainda dedicam quase todo o tempo livre a uma modalidade desportiva.
Muitos gostam de ler. Mas aquilo que lemos pode variar muito. Há quem leia apenas jornais ou banda desenhada, outros gostam de romances, outros ainda preferem livros sobre os mais variados temas como a astronomia, a vida selvagem ou as descobertas técnicas.
Se estou interessado em cavalos ou pedras preciosas, não posso exigir que todos os outros partilhem deste interesse. Se me sento em frente à televisão encantado com todos os programas desportivos, tenho de aceitar que outros possam achar o esporte aborrecido.
Haverá alguma coisa que interesse a toda a gente?
Haverá alguma coisa que diga respeito a todas as pessoas, independentemente do que são e do lugar do mundo onde vivem? Sim, cara Sofia, há questões que dizem respeito a todos os homens. E neste curso trata-se precisamente dessas questões.
Qual a coisa mais importante na vida? Se o perguntarmos a alguém num país com o problema da fome, a resposta é: a comida. Se pusermos esta questão a alguém que esteja com frio, nesse caso a resposta é: o calor. E se perguntarmos a uma pessoa que se sinta muito sozinha a resposta será certamente: a companhia de outras pessoas.
Mas admitindo que todas estas necessidades estão satisfeitas - será que resta alguma coisa de que todos os homens precisam? Os filósofos acham que sim.
Segundo eles, o homem não vive apenas do pão. É evidente que todos os homens precisam comer. Todos precisam de amor e de atenção, mas há algo mais de que todos os homens precisam. Precisamos descobrir quem somos e porque é que vivemos. Interessarmo-nos pela razão da nossa existência não é um interesse ocasional, como o interesse em colecionar selos.
Quem se interessa por tais problemas, preocupa-se com tudo aquilo que os homens discutem desde que apareceram neste planeta. A questão acerca da origem do universo, do globo terrestre e da vida é mais vasta e mais importante do que saber quem ganhou mais medalhas de ouro nos últimos Jogos Olímpicos.
A melhor maneira de nos iniciarmos na filosofia é colocar perguntas filosóficas:
Como se formou o mundo? Haverá uma vontade ou um sentido por detrás daquilo que acontece? Haverá vida depois da morte? Como podemos encontrar resposta para estas perguntas? E, acima de tudo, como deveríamos viver? Estas perguntas foram colocadas desde sempre pelos homens. Não conhecemos nenhuma cultura que não tenha perguntado quem são os homens e de onde vem o mundo. As perguntas filosóficas que podemos colocar não são muitas mais. Já colocamos algumas das mais importantes.
A história oferece-nos muitas respostas diferentes para cada uma destas perguntas. Por isso, é mais fácil formular perguntas filosóficas do que encontrar a sua resposta.
Mesmo hoje, cada um deve encontrar as suas respostas para estas perguntas. Não podemos saber se Deus existe ou se há vida depois da morte, consultando a enciclopédia. A enciclopédia não nos diz como devemos viver. Mas ler o que outros homens pensaram pode, no entanto, ser uma ajuda, se quisermos formar a nossa própria concepção da vida e do mundo.
A busca da verdade pelos filósofos pode ser talvez comparada a um romance policial. Alguns pensam que Andersen é o assassino, outros pensam que é Nielsen ou Jepsen. Talvez o verdadeiro mistério deste crime possa ser um dia esclarecido subitamente pela polícia. Podemos também pensar que a polícia nunca conseguirá resolver o enigma. Mas este tem, no entanto, uma solução.
Mesmo quando é difícil responder a uma pergunta, é possível imaginar que a pergunta possa ter uma - e apenas uma - resposta correta.
Ou há uma forma de vida após a morte ou não.
Muitos enigmas antigos foram, entretanto, resolvidos pela ciência. Outrora, o aspecto da face oculta da Lua era um grande mistério. Não se podia descobrir a resposta através da discussão, e assim era deixada à imaginação de cada um. Mas hoje em dia sabemos exatamente qual é o aspecto da face oculta da Lua. Já não podemos acreditar que haja um homem vivendo na lua, ou que ela seja um queijo.
Segundo um filósofo grego que viveu há mais de dois mil anos, a filosofia surgiu da capacidade que os homens têm de se surpreender. O homem acha tão estranho viver, que as perguntas filosóficas surgem por si mesmas.
Pensa no que sucede quando observamos um truque de magia: não conseguimos perceber como é possível aquilo que estamos a ver. E perguntamo-nos: como é que o ilusionista conseguiu transformar dois lenços brancos de seda num coelho vivo?
Para muitos homens, o mundo parece tão inexplicável como o coelho que um ilusionista retira subitamente de uma cartola até então vazia. No que diz respeito ao coelho, percebemos claramente que o ilusionista nos enganou. O que pretendemos descobrir é como nos enganou.
Quando falamos sobre o mundo, a situação é diferente. Sabemos que o mundo não é pura mentira, uma vez que nós estamos na Terra e somos uma parte do universo. Na verdade, somos o coelho branco que é retirado da cartola. A diferença entre nós e o coelho branco é apenas o fato de o coelho não saber que participa num truque de magia. Conosco passa-se de modo diferente. Sentimos que tomamos parte em algo misterioso, e gostaríamos de esclarecer de que modo tudo está relacionado.

Do livro O Mundo de Sofia, do escritor e filósofo Jostein Gaarder.
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