domingo, 2 de maio de 2010

O Pragmatismo e Nietzsche

O pragmatismo, mesmo sendo conhecido como uma corrente de pensamento tipicamente norte-americana teve simpatizantes tipicamente europeus. Nietzsche é um dos exemplos que foi reconhecido por muitos como tendo uma postura pragmática no campo da teoria do conhecimento. A sua postura foi pragmática nas suas reflexões filosóficas no que concerne à busca da Verdade, essa verdade com ‘V’ maiúsculo tão almejada pelos filósofos alemães a exemplo de Kant e Heidegger.
Richard Rorty declarou que “Como um bom americano, e como alguém que se pensa como um pragmatista, é claro que sou inclinado a ver o pragmatismo como tendo duplicado todas as melhores coisas de Nietzsche...”. Duplicar nessa assertiva não significa simplesmente copiar, e sim dar continuidade, aumentando o alcance da das suas reflexões e principalmente analisar mais amplamente as suas conseqüências, haja visto anteriormente, que se as idéias não tiverem conseqüências, no pragmatismo, também não têm utilidade.
Nietzsche se situa em uma posição onde se perdeu toda a ilusão sobre a chance de estabelecer verdades definitivas sobre as coisas. É essa consciência que estará na origem do tipo de análise filosófica dele. Se não há mais um “mundo-verdade”, então o “espírito livre” saberá que existem apenas diferentes “interpretações”. E sua tarefa será interpretar as interpretações. Se o “cristianismo” não é mais a “verdade”, mas “apenas uma perspectiva entre outras”, é como tal que ele deve ser analisado.
A finalidade da vida humana não é tentar encarnar em coisas maiores do que o meramente humano. Ele criticou duramente essa idéia declarando que todas as crenças humanas são erros e mentiras. O conhecimento não possui um fim em si mesmo. Isso é uma concordância notória entre Nietzsche e os pragmatistas, pois a formação de crenças está a serviço dos desejos humanos. Sendo “crenças” um “hábito de ação”, estas são simplesmente uma forma de conseguirmos o que queremos.
Rorty afirma que “O filosofar pragmatista começa com a sugestão de Kant de que a verdade empírica é uma questão de coerência entre nossas representações...”. Nietzsche e os pragmatistas vão mais adiante com a negação da diferença entre a coisa-em-sim e o fenômeno, ou seja, entre o empírico e o transcendental. Eles atuam com um determinado efeito sobre o existir. Eles operam com um postulado prático que tem por objetivo levar a uma aprovação integral da existência.
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3 comentários:

Bruno Gomes disse...

Dibão,

Esses textos aqui são da época da faculdade?

Abraços!

Unknown disse...

Um blog de alto nível,não o abandone.bjs

Jan Góes disse...

Bom texto. Excelente Blog...